"Estou desanimada. Acho que não tem palavra para resumir o que estamos passando nas últimas semanas". Assim desabafa Greice Castro Fogaça, 45 anos, proprietária da cafeteria Dear Santa Café & Bistrô, que teve os fios de energia elétrica furtados na madrugada desta sexta-feira (18). Por causa disso, o empreendimento, localizado na Rua Floriano Peixoto, no centro de Santa Maria, ficou fechado o dia todo. É a segunda vez, em duas semanas, que o local é alvo de criminosos.

O primeiro caso ocorreu na madrugada do dia 7 de julho, uma segunda-feira. Greice conta que a equipe chegou no local para iniciar o expediente, pela manhã, quando percebeu que não havia luz. Nesse caso, foram gastos R$ 3 mil somente com a compra do material furtado, além dos custos com a mão de obra do serviço.
– Quando fomos acender as luzes, não acendia. Olhamos para a vizinhança e tinha luz. Quando fomos conferir no quadro de luz, vimos que os fios haviam sido furtados. Foi em torno de 30 metros de fios. Ficamos fechados durante toda a segunda-feira. Chamamos um eletricista para refazer toda a fiação e também uma equipe de segurança. Colocamos concertina (cerca de metal pontiagudo). Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance – relata a comerciante.
Na manhã desta sexta-feira, a situação se repetiu. Ao chegar no local e tentar ligar a luz, não houve sucesso. A mesma quantidade de fios foi levada. Mais uma vez, o local ficou fechado para o reparo da rede elétrica, que já foi concluída pela tarde:
– Quando a luz não ligou, até pensei: "isso não é possível". Fomos na caixa de luz e percebemos que os fios tinham sido furtados novamente. Isso é muito injusto. No primeiro caso, vimos pelas câmeras de monitoramento que foi uma pessoa, mas dessa vez, foram duas. Pularam, entraram e levaram os fios sem medo algum – conta Greice.
Como o local ficou fechado, um aviso, escrito em uma folha branca, foi colocado na porta da cafeteria com o seguinte recado: "Impedidos de trabalhar. Roubados pela segunda semana consecutiva. Cansados, esgotados e desanimados".

Nas duas situações, a Brigada Militar foi acionada e registrou um boletim de ocorrência. Greice conta que ouviu dos policiais que essa situação seria corriqueira na cidade e que haviam suspeitos de cometerem esse crime. Até o momento, ninguém foi identificado ou preso.
Novamente, foi necessário arcar com os custos do serviço para reinstalar a fiação elétrica. Além disso, com dois dias de negócio fechado, há impactos significativos no faturamento:
– Essa diferença impacta até para conseguir fechar uma folha de pagamento no final do mês. Afeta de uma maneira que não tem como calcular, porque as demandas são enormes. Existem imprevistos, mas esses estão sendo bem onerosos – relata Greice.
Abalada com a situação, Greice analisa o cenário encontrado em Santa Maria:
– Nós, empresários gaúchos, viemos de uma escalada de grandes catástrofes que nos afetaram direta ou indiretamente. Acho tão indigno com a nossa classe sermos tratados com demérito. Nossas necessidades não são vistas. Só queremos trabalhar, poder ter o mínimo, que é a segurança para poder trabalhar. Somos onerados com tantas coisas, são impostos, falta de mão de obra. Parece que estamos em uma UTI. Se ninguém fizer nada, não sei quanto de fôlego os pequenos empresários de Santa Maria vão ter. Não vejo nada ser feito por parte do poder público. Já está difícil conseguir ter um "suspiro" ao final do mês, e agora precisamos direcionar uma quantia para lidar com essas situações. Dois dias de negócio fechado. É desgastante mentalmente também.
Os lanches produzidos para esta sexta-feira foram ofertados em formato de "combos" nas redes sociais para que a produção não fosse perdida. Greice conta que, após publicar a situação nas redes sociais, além da repercussão do fato, a procura foi grande, e as vendas esgotaram.
– Trabalhamos de segunda a segunda, não temos um dia de descanso. Tentamos desempenhar um trabalho de excelência, que está sendo afetado dessa maneira. É injusto. Qual ação vai ser tomada com a nossa cidade? Se isso acontecer de novo, aí vou jogar a toalha, porque é muito cansativo – desabafa a empresária.
A empresa
A Dear Santa iniciou na época da pandemia, com a produção de pretzel na cozinha da casa de Greice. Em um primeiro momento, foi aberta uma loja no distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine, em 2020. No ano passado, o movimento reduziu por causa dos estragos causados pelas enchentes e, então, a loja migrou para Santa Maria. O estabelecimento completará 1 ano de funcionamento na cidade em outubro.
Uma nova cafeteria foi aberta na Quarta Colônia, mas com nome e proposta diferentes. A família é natural de Cruz Alta, mas mora em Santa Maria há 16 anos.
A cafeteria retomará o atendimento a partir das 9h deste sábado (19). Mais informações podem ser encontradas no perfil da @dearsantam nas redes sociais.
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